Uma análise fundamentalista do casamento

Creio que a maior divisão entre o "masculinismo", atualmente, é do pessoal adepto do marriage strike e os que não são adeptos. Dos dois lados do argumento, eu sempre vejo uns debates muito centrados na emoção e não na razão, então eu resolvi escrever da forma mais racional possível sobre o casamento fazendo uma análise fundamentalista, como se fosse a análise de uma empresa.

Quando estou pretendendo comprar uma empresa e parto para uma analise fundamentalista os fatores fundamentais na minha avaliação são: patrimônio, lucro, ROE (retorno sobre patrimônio), dívida e governança. Depois dessa analise é interessante saber também a liquidez da empresa, custo de entrada, manutenção e saída do investimento.

Vamos então a uma análise breve de uma das queridinhas da bolsa (Ambev):

Como podemos ver, em uma análise histórica de um longo período (ter a analise mais abrangente possível é muito importante) o patrimônio vêm subindo de maneira constante, assim como a receita e o lucro. De outra lado, o retorno sobre o patrimônio também é excelente, ou seja, a grosso modo, a empresa dá retorno para o seu dinheiro que é investido nela. Pode-se observar também que a dívida vem caindo desde 2009 e é bastante insignificante se comparada com o lucro gerado. A empresa, inclusive, tem mais caixa do que dívida. Ou seja, os dados são bastante animadores. Por último, embora seja o fator mais difícil de mensurar, pode-se dizer a gestão da AMBEV já foi diversas vezes reconhecida e testada nesse período e a empresa também é reconhecida por ser bastante transparente com os investidores.

Agora vamos analisar uma das ações mais odiadas do mercado (OGX)

O primeiro fato que vemos é que o período e os dados são muito menores o que torna difícil uma análise equilibrada da empresa. A empresa deu lucro uma única vez na vida e ainda assim com um ROE abaixo do rendimento de um título público. O patrimônio nunca subiu de verdade, e atualmente se encontra negativo. As dívidas estão totalmente descontroladas. E o pior, a empresa é uma verdadeira caixa de pandora, não se sabe exatamente quanto petróleo ela tem e quanto pode produzir e os acionistas foram diversas vezes enganados por visões irrealisticamente otimistas vindo dos gestores da empresa. Ou seja, a governança é péssima!

Agora vamos ao que interessa e aplicar esses conceitos ao casamento:

1. Patrimônio

Nesse ponto, o mais importante é analisar se a mulher vêm crescendo no período que você conhece ela como pessoa. E como já falei na parte das ações, é importante que esse período seja o mais longo possível. Não dá para imaginar você conhecer a mulher há 1 mês e já planejar um casamento. Como será visto posteriormente, o "casamento S/A" tem uma liquidez péssima e custos grandes de entrada e saída, então é bom você fazer uma análise por um longo período de forma a tornar o seu "investimento" o mais seguro possível.

Mangina apaixonado e pronto para casar depois de 10 minutos com a mulher

Além disso, em 1 mês, 6 meses ou um ano você pode ter visto apenas sua companheira em um período bom, ela ainda não foi testada em crises e em outras situações para você se sentir seguro em embarcar nessa jornada.

De um ponto de vista mais literal, talvez não seja interessante você casar com uma mulher sem nenhum bem, especialmente se não irão casar com separação total de bens pois isso afetará o seu custo de saída em que você terá que repartir seus bens e ela não terá nada para repartir.

    2. Lucro

Se você está casando, ou planeja se casar, é obvio que espera algum retorno disso. Pode ser emocional, sexual, e normalmente envolve vários outros fatores. Pois bem, esse retorno tem que ser analisado com base em um histórico. 

Sobre o retorno, acho que é importante abrir um parêntese para deixar claro que, se sua expectativa de retorno é unicamente sexual, casamento provavelmente não é a melhor opção. Tanto o corpo da mulher como a frequência sexual tem uma tendência de queda com o tempo. Logo, considerando a iliquidez do casamento (que será tratada mais adiante) a sua expectativa de ganho futuro, nesse caso, tem uma tendência forte de declínio.

Primeiro pensamento que vem na cabeça da mulher depois do casamento

Um fato interessante de se observar é que  casais normalmente escolhem noivar durante alguma viagem. Isso tem uma explicação: em uma viagem normalmente todos os problemas são esquecidos. Você entra simplesmente em um mundo de fantasia onde você tem alguém para lavar suas roupas, não precisa se preocupar com cozinhar e tem diversos momentos interessantes para dividir com a pessoa. Isso obviamente gera lucros sexuais e emocionais imensos mas são totalmente irreais e difíceis de se obter na "vida real" onde ambos têm que trabalhar, têm preocupações com contas, com a casa etc...

Então, o mais importante nesse quesito é ter certeza que suas expectativas estão sendo supridas e evitar decisões irracionais baseados em um lucro temporário. Resumindo, não tome a decisão de casar em viagens ou períodos irreais! Considere sempre o longo prazo pois o casamento é, ao menos em tese, um investimento de longo prazo.

     3. ROE (retorno sobre investimento)

Esse é o dado financeiro mais facilmente transponível para o mundo dos relacionamentos. É importante que o seu investimento emocional, financeiro e etc, esteja sendo correspondido. Não adianta ficar correndo atrás de uma mulher que não te dá nenhum retorno ou não faz nenhum esforço por você. É aqui que o mangina normalmente mais se prejudica, criando um relacionamento totalmente unilateral, onde ele sempre tem que tomar as iniciativas e fazer os sacrifícios.

 Mangina implorando para a mulher ficar com ele

     4. Dívida

A dívida, no relacionamento, é a bagagem que cada um traz para o relacionamento. Basicamente, tudo que vêm do passado e pode afetar o presente e futuro de um relacionamento. Ex-namorados "stalkers", filhos de outros relacionamentos (EAA), família chata (aquele sogro que ta sempre pedindo dinheiro emprestado), etc... 

Ou seja, muitas vezes uma empresa até está mudada mas o seu passado traz tantas consequências para o presente e o futuro que torna incrivelmente incerto o investimento. A OGX, por exemplo, tem apresentado alguma produção e vem melhorando sua gestão aos poucos mas já fez tanta cagada no passado que todas essas melhorias são atoladas por uma dívida massacrante que impossibilita o investimento seguro na empresa.

O mesmo pode ser aplicado à pessoa com quem você deseja casar, então, é interessante sempre analisar a bagagem que a pessoa traz para o relacionamento e como você lida com essa bagagem. 

     5. Governança

A governança é um dos fatores mais determinantes de uma empresa, basicamente é como a empresa é gerida e o que possibilita o seu crescimento e estabilidade. Ao tomar a decisão de casar é interessante ver como a pessoa gere seu patrimônio e sua pessoa. É uma pessoa com gastos compulsivos ou tem o costume de poupar? Gosta de estudar ou todo dia é dia de balada? Todas as decisões que a pessoa toma são relevantes para analisar como ela governa a vida dela. Uma análise disso é o que te dá a possibilidade de ver o potencial que essa pessoa tem de crescer junto com você. 

Novamente é importante saber como essa governança acontece em um período razoável de tempo. Não é porque a mulher foi uma vez na igreja e estudou 2 horas que você encontrou sua alma gêmea!!! 

Um outro fator fundamental na governança é a transparência. Então também é interessante evitar relacionamentos com pessoas sem ter nenhuma ideia do passado dela ou pessoas muito misteriosas que evitam responder perguntas sobre o passado e sempre mudam para outros assuntos.

      6. Liquidez

A liquidez é um fator fundamental na hora de escolher um investimento. Basicamente significa que você pode sair dele quando ele não te serve mais, sem muitas delongas e burocracia. Nesse quesito, com o advento do divórcio, o casamento não é mais um investimento totalmente ilíquido. Porém, como o casamento envolve muita gente e muita coisa, desde o governo até sua família, é claro que a separação é extremamente morosa e burocrática tornando o casamento um investimento de péssima liquidez. 

Mas o que essa falta de liquidez implica em um relacionamento? Basicamente, que você vai ter que fazer uma análise mais meticulosa e tentar evitar impulsos.

    7. Custos de entrada, saída e manutenção

Os custos de comprar, vender ou manter uma ação é relativamente baixo. Paga-se a corretagem na compra e na venda (com o imposto incidindo apenas quando se obtiver lucro) e a taxa de custódia mensalmente. No entanto, se considerarmos o casamento, a vida não é tão simples assim.

Atualmente, os custos de entrada de um investimento na "casamento S/A" é altíssimo. Entre aliança de noivado e casamentos, as festas, convites e etc, o custo de entrada pode chegar a valores astronômicos. Nos EUA, depois de uma campanha de marketing de uma empresa de diamantes criou-se a tradição de que o anel de noivado deve custar o equivalente a 3 salários do noivo!!! Embora essa tradição não tenha sido integralmente importada para o Brasil é inegável que os custos de entrada estão cada vez mais irreais.

Para piorar, inventaram que os votos de casamento tem que ser confirmados e atualmente existem 100 bodas (http://www.coisasdemulher.com/2010/07/veja-os-tipos-de-bodas-de-casamento.html). Ou seja, motivos para festa não faltam e está cada vez mais comum diversas comemorações no decorrer do casamento.

Os custos de saída muitas vezes são piores que os de entrada e de manutenção. Se for um divórcio litigioso espere perder 10% de todo seu patrimônio só de gastos com advogado. Se você tiver mais patrimônio que sua noiva, a depender do regime de casamento, se prepare para perder metade dos seus bens. Ou seja, em um tacada um "azarado" pode acabar com seu patrimônio encolhido a 40%.

Você contando seu patrimônio depois do divórcio

Repare que eu só falei de gastos financeiros mas é inegável que muitas vezes eles são os menores. Em um casamento é feito um enorme investimento emocional e de tempo e, muitas vezes, pessoas nunca chegam a recuperar, integralmente, seu equilíbrio emocional depois de um término.

    8. Conclusão

Basicamente, o que eu quis fazer é uma analise, partindo de pressupostos racionais, sobre o casamento, em geral. Não estou aqui falando de exceções. Também não é meu objetivo dizer se o casamento ,em si, é um bom ou mal negócio. Acho que cada caso é um caso e deve ser analisado individualmente. A principal intenção é conscientizar as pessoas da importância e consequências da decisão de casar e, ainda mais, da escolha da pessoa com quem você quer casar. Como 50% dos casamentos acabam em divórcio, me parece óbvio que as pessoas não estão tomando o devido cuidado e acabam muitas vezes casando por impulso, pressão familiar ou mera obrigação. 

Logo, a melhor coisa é você sopesar muito bem os prós e contras da pessoa com quem você resolveu casar e por um tempo razoável (Não vá amarrar o seu jegue em uma "mulher OGX"). Além disso, é importante tomar a decisão em momentos equilibrados, nem em um momento muito ruim e, muito menos em um momento em que tudo está indo bem.